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Declaração de Lula gera críticas ao classificar traficantes como “vítimas dos usuários”

Sexta, 24 de Out. de 2025
Fonte: Redação Mais Tupã!

Durante coletiva concedida nesta sexta-feira (24), em Jacarta, capital da Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provocou polêmica ao afirmar que traficantes de drogas seriam “vítimas dos usuários”. A declaração, feita em meio a uma resposta sobre o combate ao narcotráfico, gerou reações negativas de especialistas e setores da sociedade que consideram a fala um equívoco grave diante da realidade do crime organizado no Brasil.

Lula comentou o tema após ser questionado sobre as recentes falas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende o uso de ações militares letais contra grupos de narcotráfico. “Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”, afirmou o presidente, ao sugerir que o consumo alimenta o tráfico.

A fala foi interpretada por muitos como uma tentativa de relativizar a responsabilidade criminal dos traficantes — um discurso que contrasta com a dura realidade enfrentada por famílias e comunidades que sofrem diariamente com a violência gerada pelo tráfico de entorpecentes. Críticos destacam que o narcotráfico não se resume a uma relação comercial entre vendedor e consumidor, mas envolve facções, armas, corrupção e assassinatos que desestruturam o tecido social.

Durante a coletiva, Lula também criticou a postura de Trump e disse que líderes devem agir com responsabilidade. “Você não está aí para matar as pessoas, você está para prender as pessoas. Antes de punir alguém, é preciso julgar, ter provas. É preciso respeitar a soberania dos povos”, afirmou.

O presidente ressaltou que o Brasil atua no combate ao tráfico em cooperação com a Polícia Federal e com forças internacionais. “Estamos trabalhando com outros países, com a Interpol e forças policiais para combater o narcotráfico, o tráfico de armas e o contrabando”, declarou.

Apesar da tentativa de justificar a fala como uma reflexão sobre o consumo e suas consequências, o tom adotado por Lula acabou ampliando o debate sobre a postura do governo diante do crime organizado — especialmente num país em que o tráfico de drogas figura entre as principais causas de homicídios e destruição de vidas.

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