Um aluno de 12 anos foi agredido fisicamente e quase jogado da escadaria da EE "Índia Vanuíre", por outros dois alunos, na última quarta-feira, dia 12. O caso teria acontecido após a vítima revidar verbalmente aos bullyings que sofria na escola. A família da vítima já realizou boletim de ocorrência e o exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).
A vítima, que é aluno do 8º ano do ensino fundamental, teria sido agredida fisicamente após um desentendimento dentro da sala de aula com um outro aluno. O agressor teve ajuda de um segundo aluno, de uma outra sala, para agredir a vítima na escadaria da escola.
Segundo informações do boletim de ocorrência, o desentendimento aconteceu porque o aluno infrator costuma fazer bullying com a vítima, o chamando de "gordo, cabelo de miojo e outras coisas desse tipo". A vítima teria revidado as ofensas e o infrator teria reagido com agressões físicas.
No primeiro momento, a briga foi contida pela professora. A vítima disse que foi agredida com socos na cabeça e arranhões atrás das orelhas. Vale lembrar que a escola possui câmeras de segurança que podem ajudar na solução do caso.
'Minha família está arrasada'
A mãe do aluno agredido, que preferiu preservar sua identidade, disse que a situação foi ainda mais humilhante ao saber que as agressões foram filmadas por alunos e postadas em um "perfil de fofocas" no Instagram. "Minha família está arrasada, destruída. Porque além de tudo, gravaram com celular que é proibido por lei e colocaram em páginas de fofoca no Instagram. O que deixou meu filho, que tem transtorno do TOD (Transtorno Opositivo Desafiador), mais envergonhado e humilhado", disse.
Um dos vídeos mostra o aluno levando socos e um chute na cabeça, quase caindo da escada. Vale lembrar que está em vigor desde o início do ano a lei estadual que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e particulares.
'Meu filho podia ter morrido'
A mãe explicou que, sem condições de o filho estudar no mesmo local dos seus agressores, teve que transferi-lo de escola. "Como ele foi para uma escola integral, precisei tirar ele do CIM (Centro de Integração da Criança e do Adolescente)", afirmou. "A maior punição pra isso é uma suspensão. Meu filho podia ter morrido sendo empurrado daquela escada. Não havia nenhuma autoridade na escola. Apenas professores e o inspetor que estava no portão acompanhando a saída dos alunos", completou.
A mãe disse que já contratou um advogado para mover uma ação judicial contra a agressão sofrida por seu filho. "Sentimos que tudo ficaria impune. Nesse mesmo dia, fizemos o boletim de ocorrência e, mais tarde, quando começou a circular o vídeo, voltamos na delegacia. No outro dia, foi feito exame de corpo de delito. O vídeo foi incluído no boletim", destacou.
A mãe disse que nunca passou por uma situação constrangedora como essa. "Isso causou muito sofrimento pra ele, além de tudo que estamos passando. As imagens são fortes e não saem da cabeça. Toda hora nós o pegamos caindo no choro. Estamos tentando ser fortes", afirmou.
Outro lado
Em nota ao DIÁRIO, a Diretoria de Ensino da Região de Tupã explicou que já tomou providências sobre o caso, com orientação quanto à aplicação do protocolo 179 do Programa Conviva/Seduc/SP, referente a agressão física entre estudantes ou servidor público, como: "Acionar os responsáveis pelos estudantes envolvidos; agendar a atuação do psicólogo da educação para o encontro com os grupos e foco no acolhimento; fazer a mediação do conflito; fazer boletim de ocorrência; fazer registro na Plataforma Conviva; e acionar o Conselho Tutelar para acompanhamento do caso".
Punição
Em relação às punições aplicadas aos alunos agressores, a Diretoria de Ensino explicou que a unidade escolar, enquanto formadora de crianças e adolescentes, trabalha com orientações baseadas nos quatro pilares da educação: "Aprender a ser, aprender a aprender, aprender a conhecer e aprender a conviver, ou seja, a escola não trabalha com punição mas com reflexão sobre consequências dos atos e encaminhamentos pertinentes com os pais responsáveis de acordo com o regimento escolar", afirmou.
Acompanhamento
De acordo com a Diretoria de Ensino, os pais do aluno agredido foram chamados na escola e comunicados sobre o fato ocorrido com seu filho. "[Os pais] foram atendidos, orientados e tomaram conhecimento, do que já sabiam anteriormente, da razão pela qual o mesmo foi agredido pelos dois alunos, em vista de situação envolvendo agressão de seu próprio filho a um estudante elegível da educação especial: autista", explicou. "Na escola não consta nenhum laudo de transtornos psicológicos do aluno agredido pelos outros dois", acrescentou.
Fiscalização
Apesar da proibição do uso de celulares nas escolas e da filmagem da agressão feita por alunos, dentro da unidade, a Diretoria de Ensino explicou que a fiscalização na EE "Índia Vanuíre" é "rigorosa, com orientações diárias e reforçadas aos alunos, após ciência dos pais - via comunicado escrito", afirmou.
Sem casos
de agressões
Segundo a Diretoria de Ensino, no ano passado não foram registrados casos de agressões entre alunos e professores em escolas estaduais de Tupã, o que demonstra que esses casos não são recorrentes. "Não temos esses casos entre alunos e professores e trabalhamos com todas as unidades escolares o programa Conviva/Seduc/SP, inclusive com o atendimento de psicólogos da educação", afirmou.