Caso ocorreu no bairro Boqueirão, em Praia Grande. Segundo a escola, professora foi exonerada do cargo por justa causa.
Uma criança de 1 ano e 10 meses foi agredida por uma professora em uma escola no bairro Boqueirão, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Em imagens obtidas pelo nesta terça-feira (29), é possível observar que a professora penteia o cabelo da menina e, em alguns momentos, age de forma grosseira, puxando os fios e fazendo movimentos bruscos com a cabeça da criança (veja o vídeo acima).
Ao g1, o advogado de defesa da família da vítima, Franco Antunes, disse que a mãe notou marcas vermelhas no rosto da criança ao buscá-la na escola no dia 15 de março. "Questionou lá na hora, mas a pessoa não respondeu nada. A escola tem um sistema de monitoramento e a mãe pegou e acessou o episódio das agressões", explica.
Segundo Antunes, a família registrou um boletim de ocorrência no dia seguinte à agressão, porém o exame no Instituto Médico Legal (IML) foi feito apenas um dia após o registro do B.O, ou seja, as marcas já estavam sumindo. "Além da tia [professora] puxar o cabelo, ela pega no rosto com força e essas marcas já tinham saído", diz.
De acordo com o advogado, o caso foi registrado como lesão corporal na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), mas por não se tratar de crime sexual ou violência doméstica, as investigações não ocorrem por lá. Por isso, a família aguarda a transferência do caso para outra delegacia para que seja instaurado um inquérito que investigue os fatos.
"A família espera que ocorra uma ampla investigação. A família quer saber se foi uma prática isolada ou se aconteceu de forma reiterada. Também é uma preocupação da família que a investigação ocorra de maneira efetiva para que a família fique sabendo se isso, eventualmente, possa ter ocorrido com outras crianças", explica o advogado.
Antunes afirma que a mãe da criança havia observado mudança no comportamento da filha, que não queria mais pentear os cabelos e se assustava com facilidade. "Ela já vinha percebendo que a filha estava com algumas alterações de comportamento, estava mais assustada, chorando para ir à escola. Falavam para ela que é coisa da idade, mas ela percebia que o sono da criança estava diferente, com pesadelo e vindo com marcas de mordida de outras crianças".
De acordo com o advogado, a mãe relatou que aconteceram alguns episódios de mordida no ano passado e a mudança de comportamento dela foi neste primeiro semestre, a partir de janeiro desse ano. "A mãe reclamou sim, escrevendo na agenda, chegou a ir na escola, conversou com a professora e direção e disseram para ela que isso acabava acontecendo, que elas estavam atentas, mas que um caso ou outro acabava acontecendo porque até segundo Freud, mordida nessa idade é normal".
Ele reforça que o intuito dos familiares da criança, que estão muito abalados com a situação, é não prejudicar a imagem de ninguém. Eles querem o esclarecimento sobre o caso e acompanhar o processo criminal, antes de entrar com um pedido de indenização.
Posicionamento
Nas redes sociais, a Escola Paris emitiu um comunicado lamentando o ocorrido e afirmando que a funcionária foi exonerada por justa causa. Confira a nota na íntegra abaixo:
"A família Paris na manutenção da qualidade e transparência de seus trabalhos, vem através desta lamentar o ocorrido, infelizmente a ocorrência da conduta inadequada de uma funcionária, sendo a mesma exonerada de imediato por justa causa, foge aos princípios e preceitos educacionais e socioemocionais, onde é totalmente inadmissível qualquer comportamento, fala ou ato que venha constranger ou se quer prejudicar o alicerce familiar de suas crianças. A transparência sempre foi e sempre será o balizador da nossa Escola, seguindo com competência, amor e dedicação. Sendo assim, em qualquer situação cotidiana ou inesperada aos nossos comprometimentos e responsabilidades estamos abertos a esclarecimentos e prontos a atendê-los."
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirma que o caso é investigado pelo 2º DP de Praia Grande, e que os laudos referentes à ocorrência estão em elaboração, e assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial.
Segundo a pasta, a mãe da criança foi orientada quanto ao prazo para representação criminal. Outros detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial.