Uma cena grotesca chamou atenção ao fim do clássico entre Santos e Palmeiras, no último domingo, pela 30ª rodada do Brasileirão. Um torcedor do Santos pediu e ganhou de presente a camisa do goleiro Jailson, do Palmeiras, e foi hostilizado por santistas nas arquibancadas da Vila Belmiro na sequência.

O garotinho presenteado por Jailson, porém, não era apenas um torcedor comum do Santos. Bruno do Nascimento, de 9 anos, é jogador das categorias de base do Peixe e foi forçado pela pressão selvagem gravou um vídeo se desculpando por receber o presente do goleiro do Palmeiras.

“Que tipo de hostilidades deve ter sofrido Bruninho, 9, até se convencer de que devia pedir desculpas por, santista de coração, ter pedido uma camisa a Jaílson, goleiro do Palmeiras? Que tipo de barbaridades foram ditas a uma criança, que não precisou de mais do que 45 segundos de um vídeo dilacerante para comprovar sua pureza? É de cortar o coração imaginar que a boçalidade reinante nos estádios, esse ambiente de leis próprias, coagiu um menino de 9 anos por ter pedido a um esportista que admira uma camisa de presente. Os nossos campos são incapazes de enxergarem o esporte como um contexto de congraçamento, de união, de adversários que se respeitam. É preciso odiar o outro. A lei do ódio e da divisão precisa ser imposta até a uma criança, cuja pureza e inocência parecem não ter lugar. No fundo, este é o recado por trás do episódio cruel.” Trecho escrito pelo jornalista Carlos Mansur ao Globo Esporte. 

“Todo fanático é estúpido. Seja na política, seja na religião, seja no futebol. Que tipo de animal avança sobre uma criança de 9 anos, só porque ele ganhou a camisa do jogador de um time adversário? Que esse menino cresça e com ele seu amor pelo Santos. E que nele sempre esteja este sentimento inexplicável, que faz a paixão pelo futebol ser maior que o fanatismo de qualquer torcida.” Destacou o jornalista tupãense Paulo Nakayama. 

Que o futebol seja uma forma de inspirar, motivar e valorizar nossas crianças, que elas aprendam os valores positivos dos esportes, e que esses animais que frequentam os estádios sejam abolidos, dizimados e adestrados para viver em sociedade, com respeito e tolerância.