O prefeito de Bariri (SP) Abelardo Mauricio Martins Simões Filho (MDB) foi cassado pela Câmara de Vereadores em sessão extraordinária, que começou no início da noite de terça-feira (14) e terminou na madrugada desta quarta-feira (15).
Com votação unânime, nove vereadores decidiram pela cassação. Segundo o Legislativo municipal, Abelardo "procedeu de modo incompatível com o decoro e a dignidade do cargo”.
O então prefeito foi apontado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por suposto envolvimento em fraudes em licitações no serviço de limpeza pública.
A investigação levou à abertura de uma comissão processante pela Câmara no mês de setembro.
Agora quem assume o cargo de chefe do executivo é o vice-prefeito, Luis Fernando Foloni (Cidadania). Ele cumpre o mandato até 31 de dezembro do ano que vem.
No dia 8 de agosto, o Gaeco realizou uma operação contra crimes de corrupção, entre eles, a suspeita de irregularidades em licitações de cidades do interior de São Paulo. A ação, que teve apoio das polícias Civil e Militar, esteve em endereços em Jaú, Bariri, Itaju e Limeira (SP).
As diligências indicaram existência de um grupo criminoso organizado, liderado por um empresário de Limeira e com participação ou auxílio de agentes públicos municipais. “Trata-se de um crime complexo”, categoriza a investigação.
Além dos mandados de busca e apreensão domiciliar nos endereços dos investigados, o MP também tinha solicitado a prorrogação de 15 dias, previamente autorizado judicialmente, das interceptações telefônicas e de monitoramento de contas em aplicativos de mensagens entre os investigados.
No depoimento aos investigadores, o empresário de Limeira afirmou que era extorquido, depositando mensalmente valores em dinheiro ao prefeito de Bariri para que o contrato entre a empresa de limpeza pública e prefeitura fosse mantido. Os supostos valores de propina direcionados a Abelardinho eram anotados em uma agenda, que foi apreendida e periciada.
O empresário, dono da Latina Ambiental que presta serviços para o munícipio de Bariri, é suspeito também de ter contratado um capitão da Polícia Militar para coagir o denunciante das supostas fraudes em licitações no serviço de limpeza pública de Bariri. Para executar o crime, o PM recebeu a quantia de R$ 5 mil. Ele foi preso no último dia 18 de agosto.
No pedido do MP-SP, por meio do Gaeco, o prefeito passou a ser investigado pelos crimes de corrupção passiva, concussão, fraude licitatória, coação no curso do processo, roubo e outros delitos. Por prerrogativa do foro, o caso será remetido à Procuradoria-Geral de Justiça, que deve estabelecer se formaliza a denúncia criminal contra o prefeito.