O EWZ, ETF que representa a bolsa brasileira nos Estados Unidos, cai mais de 4%% no pré-mercado americano, com investidores reagindo negativamente ao resultado das eleições presidenciais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu com 50,9% dos votos.
A queda, além de refletir o maior pessimismo de investidores com relação à Lula, também representa o desmonte de apostas em torno de uma eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro, considerado mais pró-mercado.
Com o resultado definido, o mercado aguarda detalhamentos sobre os planos econômicos de Lula, que se mantiveram ocultos durante o período de campanha.
"A grande expectativa do mercado agora fica com a divulgação de possíveis ministros e a percepção em relação aos gastos fiscais", afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Entre os anúncios aguardados pelo mercado, dois deles são considerados peças-chave: qual regra deverá substituir o teto de gastos e quem será escolhido para comandar a economia do país.
"A gente sabe que não vai ter uma regra fiscal, mas é preciso saber o que vem no lugar e quem será o ministro da Fazenda. O mercado vai reagir de forma diferente se for o Henrique Meirelles ou ser for o Fernando Haddad, que já foram ventilados", afirmou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Com muitas incertezas a serem preenchidas, investidores devem seguir o tom de cautela na abertura dos negócios na B3, às 10h desta segunda. Embora a queda do Ibovespa nesta segunda seja praticamente certa, são as ações de estatais que devem amargar as maiores perdas do dia.
Ainda que ninguém soubesse qual seria o resultado da eleição presidencial encerrada neste domingo, 30, de tão acirrada que estava a disputa, era líquido e certo que Petrobras seria o expoente máximo do “dia seguinte”. E está sendo. Logo após a abertura do pré-mercado nos Estados Unidos, os ADRs da petroleira caem quase 8%, para US$ 12,35.
Além de ser a maior empresa da bolsa brasileira, avaliada em mais de US$ 85 bilhões, a Petrobras é a companhia que pode ter mais impacto devido a planos de governo. A explicação mais simples e direta para o movimento desta manhã é o desmonte de uma aposta a respeito de uma eventual privatização da petroleira, em caso de vitória do atual presidente Jair Bolsonaro.
Mais do que nunca, o mercado vai pressionar Lula – agora não mais como candidato, mas como futuro presidente – a dar informações claras sobre os projetos para o país e suas maiores empresas. Em relação à Petrobras, as dúvidas são ainda mais pungentes devido à forte participação do preço de combustíveis na questão inflacionária. Ecoam perguntas sobre interferências e estratégia: política de preço de combustíveis e refinarias, para começo de conversa.
Começo mesmo. Embora o tom e os compromissos com responsabilidade fiscal tenham sido dados durante a campanha de Lula, falta aos investidores saber basicamente tudo. Aos poucos, Petrobras e Brasil vão voltar a se misturar como percepção a respeito de futuro de país. Neste momento, ainda não é possível fazer essa relação direta.