A recente decisão judicial que revoga as liminares da empresa Guerino Seiscento ameaça deixar mais de 160 cidades do estado de São Paulo com transporte intermunicipal deficitário. Com isso, milhares de passageiros poderão ficar sem opções de deslocamento, consolidando um monopólio que favorece exclusivamente um único grupo empresarial.
A Guerino Seiscento opera há 10 anos tanto no transporte interestadual quanto intermunicipal, garantindo a ligação de dezenas de cidades que, antes, estavam sem atendimento. Com essa decisão, regiões inteiras – incluindo Paulista e Sorocabana – perderão o acesso a serviços essenciais, como educação e saúde, pois muitos passageiros utilizam o transporte coletivo para se deslocar até polos estudantis e hospitais de referência, ressaltou a Aline Quiles, representante da Guerino Seiscento.
Atualmente, o Grupo Constantino, responsável pelas empresas Expresso de Prata (Viação Piracicabana), Reunidas Paulista, Expresso Itamaraty, Andorinha e Princesa do Norte, domina praticamente toda a malha viária do estado. Com a revogação das liminares da Guerino Seiscento, esse grupo ficará sem concorrência, deixando os passageiros reféns de uma única operadora, sem alternativas para escolher preços, horários ou qualidade do serviço.
Além disso, o fato de que a Artesp não realiza licitação para novas empresas desde 1989 apenas fortalece esse cenário de monopólio. A agência reguladora deveria garantir uma concorrência justa e ampliar as opções de transporte para a população, e não restringi-las.
Com essa decisão, um passageiro que estiver na rodoviária de Tupã, Marília, Adamantina, Dracena ou Penápolis verá o ônibus da Guerino Seiscento no terminal, mas não poderá embarcar para uma viagem dentro do estado. Ele será obrigado a viajar nos ônibus do Grupo Constantino, sem qualquer alternativa.
O impacto é ainda maior para idosos, estudantes e pessoas com deficiência, que dependem dessas linhas para estudar e realizar tratamentos médicos, visto que por ser uma linha concedida pela ANTT, possuí benefícios para estas categorias. Cidades como Jaú, que já sofrem com poucas opções de transporte, ficarão ainda mais isoladas.
Diante desse cenário, é fundamental rever a política de transporte rodoviário no estado de São Paulo. O fim do monopólio e a abertura do setor para novas empresas são medidas urgentes para garantir um serviço mais acessível, eficiente e justo para todos os passageiros. Sem concorrência, quem perde é a população.