Vitor Henrique havia contado a reportagem no último sábado (14) que ainda não havia fechado contratos, mas mantinha a esperança de retornar ao mercado de trabalho o quanto antes. De acordo com ele, a família depende do seu salário para se sustentar.
"Eu tenho uma família de cinco filhos, um bebê de quatro meses, três meninas, de três, oito e nove anos, e um menino de 14 anos. Os dois mais velhos são do meu primeiro casamento e pago pensão. Também moro de aluguel, então preciso voltar a trabalhar", contou.
Apesar de dizer ter sido injustiçado por conta da demissão, Vitor recebeu doações, ajuda para alimentação, valores em dinheiro e uma Bíblia.
Um morador gravou Vitor durante o expediente, simulando fazer a escolta armada do caminhão de lixo. No vídeo, ele também mexe com os colegas de trabalho. O que, segundo ele, era uma brincadeira se tornou um dos seus maiores "pesadelos".
Isso porque Vitor sempre teve o sonho de trabalhar como coletor de lixo, contou. Conquistado o trabalho, o morador de Botucatu atuou por dez meses até a demissão. Antes deste emprego, ele também atuou na montagem de lanches em um trailer.
Na quinta-feira (12), Vitor participou de uma reunião no gabinete do prefeito Mário Eduardo Pardini Affonseca (PSDB), com a participação de representantes da empresa Grupo Corpus, contratada pela prefeitura para fazer o serviço de coleta.
"O prefeito me disse que não viu nada de mais no vídeo e pediu para a empresa me contratar novamente. Eles disseram que vão analisar. Eu voltaria para o trabalho de coletor na mesma empresa, é tudo o que quero", afirmou Vitor.
A assessoria de imprensa da prefeitura confirmou a reunião, mas explicou que o chefe do Executivo "não tem autonomia para interferir na contratação ou demissão, e fica a critério da empresa a decisão".
Em nota enviada na ocasião, a empresa não se manifestou sobre o pedido de recontratação, mas confirmou "que o colaborador envolvido na filmagem não faz mais parte do quadro da empresa por descumprimento das instruções de trabalho. Ao não agir de acordo com as regras de segurança laboral, ele colocou em risco a sua integridade física e dos demais coletores".
Foi dito ainda que "a imagem em questão viola o Código de Integridade e Ética, recebido e assinado por todos os colaboradores logo após sua contratação, que no artigo nove dispõe sobre comunicações em nome do Grupo Corpus. As imagens, feitas durante o expediente, simulam uma prática de crime e atividade ilegal com a qual a empresa não compactua e rejeita veementemente".